Domingo, 10 de Abril de 2011

Poema - Alentejo e girassóis

(do meu livro «Meu mundo 'lá fora'») 

 

Entre o azul-mar do Algarve e o Norte verdejante,

tanto girassol nascido... amarelo, exuberante!

 

Girassol é conhecido por viver apaixonado

pelo sol, sempre a segui-lo, olho castanho, tisnado.

 

Era tarde de calor... o alcatrão derretido...

Na estrada, eu encontrei de costas, o atrevido.

 

Pasmei, quis fotografar do girassol amuado,

a situação divertida: o rolo tinha acabado!

 

Extensos campos que vi, acreditem, grande rol,

de girassóis combinados, costas viradas ao sol.

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24/08/2002

Laura B. Martins

Soc. Port. Autores nº 20958

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Quinta-feira, 10 de Março de 2011

Poema - Margem Sul

do meu livro «Meu mundo 'lá fora'») 

 

Setúbal! Neste distrito

eu tenho vivido bem.

Mas quando olho o horizonte

o coração dá um grito,

de tanto bater ecoa,

e as saudades que contém,

vão desfilando na ponte

na direcção de Lisboa.

 

É Lisboa! Vejam bem!

Capital do céu azul!

E deixei minha Lisboa ...

Vim morar prà Margem Sul!

 

O azul que encontrei no Sado,

onde molhei minha mão,

deixou o rio nos meus olhos,

Lisboa no coração!

 

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4/2001

Laura B. Martins

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Quinta-feira, 10 de Fevereiro de 2011

Poema - Quinta do Anjo

(do meu livro «Meu mundo 'lá fora'») 

 

Algum motivo tiveram, pra te chamarem assim;

tu és a QUINTA DO ANJO e foste um anjo pra mim.

 

Quilómetros te separam de Cabanas, terra minha;

onde brotam os meus versos de manhã e à tardinha.

 

Aqui provei coisas boas: pão, vinho, queijo e amor.

Todas dignas de ir à mesa de um rei e Nosso Senhor.

 

Adoptei-os, fi-los meus: distrito, terras e gentes.

Até pasmo com os moinhos, que estão vivos e contentes.

 

Setúbal, QUINTA DO ANJO, Palmela, Serra do Louro,

fazem parte do meu mundo; adoro-os, são um tesouro.

 

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28/07/2001

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 10 de Janeiro de 2011

Poema - Patriotismo!

(do meu livro «Meu mundo 'lá fora'») 

 

Eu sou do povo, do povo do meu país.

Quero dizer, aquilo que ninguém diz.

Eu sou aquela, que escreve pra toda a gente.

Quero dizer, o que o meu coração sente.

 

Tu que me escutas, se entendes o meu falar.

Podes ouvir, só palavras ou escutar.

Senta-te aqui, olha à volta e vê meu povo.

Vai por aí, sente-o com um sentir novo.

 

Tens coração? Abre-o para toda a gente.

Canta a canção, dum Portugal diferente.

Há outros povos, cujos Hinos desconheço.

O nosso Hino, ouço cantar desde o berço.

 

Canta-o comigo, exorta quem tens ao lado.

Vibra comigo, canta-o junto com o fado.

Podes sentir, este povo cheio de garra.

A acompanhar, terás viola, guitarra.

 

Muito ao de leve, ao longe ouves um tambor.

Corre uma brisa, traz até nós um clamor.

E como fundo, ao longe ouves entoar.

Vozes profundas, d’Os Nossos Heróis do mar.

 

E a voz do povo, desta nação mui valente.

Será ouvida, no mundo por toda a gente.

Di-lo comigo: Somos Nação Imortal!

Grita comigo: Viva o nosso Portugal!

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10/09/2001

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2010

Poema - Remorso!

(do meu livro «Meu mundo 'cá dentro'») 

 

Janela aberta sobre o vale,

onde me espraio...

e me perco, contemplando

um nem sei quê...
Talvez a bruma, no horizonte

anunciando...

A volta do meu cavaleiro:

Você!

 

Ah! O remorso!

Tormento dos corações

aventureiros,

infatigáveis sonhadores...

Alimentando quimeras, ilusões,

traindo, em sonhos,

os velhos companheiros

que, no altar, juraram seus amores.

 

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28/12/2002

Laura B. Martins

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Quarta-feira, 10 de Novembro de 2010

Poema - Encontro na marquise

(do meu livro «Meu mundo 'cá dentro'») 

 

Encontrei-me na marquise,

depois do pequeno almoço,

com a chávena vazia

e as patinhas do cão

contornando o meu pescoço.

 

Ao lado, o marido amigo

observa a cena, a ternura;

esquece os problemas da vida,

a pressa, crises de nervos,

e até alguma secura.

 

Um melro pousou no muro...                

o vento árvores balança...

pombos pousam nos telhados....

toca o sino da igreja...

Domingo... a manhã avança.

 

No corre-corre diário,

cometemos um deslize:

esquecer como é singelo,

gratificante, um café

e um encontro na marquise.

 

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27/05/2002

Laura B. Martins

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Domingo, 10 de Outubro de 2010

Poema - Faca afiada

(do meu livro «Meu mundo 'cá dentro'»)

 

No meu quarto, sozinha, meditando...

tiro uma teia, arrumo, aspiro pó;

enquanto na vidraça embaciando,

faço versos à vida e sinto dó.

 

Dó por este meu corpo, sem carinho,

que murcha como planta sequiosa.

Seca, dia a dia, devagarinho,

enquanto abelha sou, laboriosa.

 

Protegi o meu lar, enquanto pude,

já fui abelha mestra, sem rival.

Por conviver com gente um tanto rude,

 

ergui muros de pedra, dei-lhes cal.

Sou faca afiada, viro o gume

para quem, hoje, quer fazer-me mal.

 

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13/09/2002

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 20 de Setembro de 2010

Poema - Lar... doce lar!

 (do meu livro «Meu mundo 'cá dentro'»)

 

Andamos, tu e eu, aos arremessos,

nos nossos sentimentos aos tropeços,

incapazes de nos reencontrarmos.

Caminhamos na vida, solitários;

juntos, na mesma casa, solidários

com a tristeza, sem nela repararmos.

 

Esquecemos os acontecimentos,

que nos fizeram passar belos momentos,

crescimento dos filhos e outros mais.

A casa, tudo nela me recorda

o passado, que agora não importa.

Parecemo-nos com milhões de casais.

 

Estou viva. O meu trabalho não entendem.

O mundo apressa-se, e não compreendem;

vêem apenas a ponta do nariz.

Estou morta. O teu trabalho, se decide

fora de casa; toda a gente convive.

Dentro de casa, escrevo poema infeliz.

 

Contradições em remoinho, vão sugando

toda a alegria do meu rosto, retirando

anos de vida. No meu fraco entender,

bem longe, outras vidas, outra gente,

(outros problemas também), mas diferente.

De novo à luta, para vencer ou morrer.

 

Os filhos já criados, é visível

que ninguém é insubstituível;

os sonhos, não morreram, só cresci.

Desejo ir-me embora pra bem longe...

deixar de me sentir qual 'freira-monge'...

e o conforto do lar... me prende aqui!

 

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26/02/2002

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 10 de Setembro de 2010

Poema - Difícil...

(do meu livro <Meu mundo 'cá dentro'>)

 

Difícil tudo parece, contigo;

recusas entender a explicação.

Não paras pra escutar o que eu te digo,

quando um de nós diz sim, outro diz não.

 

Passo os dias calada, podes crer,

falar contigo, já nada me diz.

Como aqueles casais que eu lembro ver...

Contigo, sinto-me tão infeliz!...

 

Num poço de defeitos eu me afogo,

imagino-me bem pior do que sou.

Com os meus sentimentos dialogo,

 

gostava de ir pra longe, mas não vou.

De há muito que me sinto acorrentada,

na escuridão, tal como alma penada.

 

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8/02/2002

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 20 de Agosto de 2010

Poema - Queres sair?

(do meu livro «Meu mundo 'Cá dentro'»)

 

É sábado, convidas pra sair.

Ir até à esplanada, simplesmente.

Sentar a uma mesa, é de rir:

tu a leres o jornal... e eu ausente!

 

Claro que, também, levo uma revista.

Aos outros, pareceremos normais.

Num mundo de prazer e de conquista,

grassa a indiferença nos casais.

 

Em cada coração já devoluto,

situações caricatas, anormais;

onde qualquer espírito mais arguto

pode instalar-se em vales abismais.

 

Pois bem, não fui! Fico no meu quintal.

Assim posso evitar mostrar aos outros

que, entre nós, também está tudo mal;

intimamente, escoiceamos que nem potros.

 

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29/09/2002

Laura B. Martins
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Terça-feira, 10 de Agosto de 2010

Poema - Admirável mundo novo

(do meu livro <Meu mundo 'cá dentro'>)

 

Eu tenho cinema em casa,
TV, notícias na hora.
A Internet me arrasa,
posso pôr-me em dia agora.

Vou sentando no sofá,
vejo um vídeo na TV.
Pra quê escrever poemas
se hoje pouca gente lê?

Os vídeos são diferentes,
outros mundos outras gentes
enchem todo o meu 'écran';

deles eu retiro vantagens,
aproveito essas viagens
e conservo um certo 'élan'.

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8/2000
Laura B. Martins

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Terça-feira, 20 de Julho de 2010

Poema - Meu universo restrito

(do meu livro «Meu mundo 'cá dentro')

 

Meu Universo é restrito

e vivo meio escondida;

a casa, o quintal e a escrita

preenchem a minha vida.

 

A história da carochinha,

revistas ‘Mariazinha’,

as fofocas dos artistas

nunca me deram nas vistas

nem fazem o meu encanto.

Eu quero escrever, porquanto

a imaginação se apura

enquanto a veia me dura.

 

Mas não deixo de pensar,

dar aso à imaginação

sem abrir cordões à bolsa;

basta ver televisão.

As viagens custam caro,

assim, viajar é raro;

pra ter a bolsa fechada,

tenho uma boa razão.

 

Se eu andasse a viajar

feliz e descontraída,

em bons hotéis pernoitar,

fazer compras na avenida,

jamais teria encontrado

este dom de versejar;

desenvolve o intelecto

e permite-me sonhar.

 

Conversando co’as pessoas,

a tendência é pra sorrir,

dos lugares tristes fugir,

ver apenas coisas boas.

Só o repórter de guerra

em notícias é profundo.

Ele fala da verdade

e das desgraças do mundo.

 

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6/10/2001

Laura B. Martins

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Sábado, 10 de Julho de 2010

Ginástica? Não, obrigada!

(do meu livro «Meu Mundo - Cá Dentro»)

(Conselhos para a minha amiga)

Sou preguiçosa, comodista e muito chata!

Do exercício, eu fujo: - Tenho uma 'lata'!

Assim transformo a minha vida num inferno.

Tento desculpas: o trabalho, o Verão, o Inverno...

 

Neste momento, eu sofro com a coluna.

Em mar de dor, eu vogo qual uma escuna

que balanceia, se eleva, caindo a pique;

enquanto a dor não permitir que eu me estique.

 

Mas que maçada, estar pra aqui toda dobrada.

A anca ao lado, espinhela desalinhada.

Respirar quero, tenho falta de ar no peito...

vou pendurar-me para ver se me endireito.

 

A minha máquina, um pouco enferrujada,

prega partidas, deixa-me desolada.

Pura desculpa pra acreditarem em mim,

digo: - Da idade? Não, eu sempre fui assim!

 

Como se aos vinte, ombros direitos, sem achaques

olhos pintados, saltos altos, sem ataques,

eu estivesse sem as costas bem escorreitas

e me torcesse assim, sujeita a estas maleitas.

 

Oh! Minha amiga! Como podemos mentir!...

Dos sessenta anos, todos queremos fugir.

Ainda tenho, de bónus, mais uns três anos;

serão melhores com 'regimes espartanos'.

 

Vou prometer pouco comer, fazer ginástica;

já está na hora da resolução ser drástica.

Tentar dieta, ir ao ginásio ou nada ...

fazer de tudo pra coluna endireitar.

 

Talvez assim, com redução do 'fim das costas'

Cheguemos aos sessenta anos, bem dispostas.

És nova e magra, mas eu mostro-te o caminho,

se insistires em pôr manteiga no pãozinho.

 

Come de tudo e vive com parcimónia;

verás que assim o fim da vida é outra história.

Respira bem, sem stress, toca alaúde...

Dirão de ti: «que morreu cheia de saúde».

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1/2001

Laura B. Martins

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Domingo, 20 de Junho de 2010

Poema - Zero horas

(do meu livro «Dispersos»)

 

O relógio marca zeros;
apenas zeros, mais nada.
Parado entre 2 dias...
em que uma data apagada
dá lugar a 1 minuto,
do novo dia o primeiro
dos mil e tantos minutos
que o dia tem, por inteiro.

Como o dia passa breve!...
Corre célere o segundo,
na magia dum momento
em que dá a volta o mundo.
E da noite se faz dia!...
E dos dias, a semana!...
Meses, anos, uma vida
de 3 terços: um na cama.

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26/05/2003
Laura B. Martins
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Sábado, 19 de Junho de 2010

Poema - Dispersos

(do meu livro <Meu mundo 'cá dentro'>)

 

 

Acho que a minha cabeça pode estar mal regulada.

Às vezes, sai rima à beça; e outras, não me sai nada.

 

Com toda a minha energia, eu bem que puxo e repuxo.

A cabeça está vazia... em vez de rimar... Embucho!

 

Tenho o quintal pra regar. As camisas não passei.

Vai ver, de tanto pensar... as mão também baralhei.

 

Ia regar o jardim... esqueci. Fui cortar as couves.

Queria rimar para ti!... Mas tu também não me ouves!!!

 

O cão queria enaltecer. Ao gato queria cantar.

A cabeça sem render... não sei... parou de pensar!

 

Belas flores no meu jardim! Vou fazer-lhes um poema.

Penso, penso e vejo, enfim, encontro-me num dilema!

 

Da minha casa-utopia, vou fazer-lhes um relato.

Sofrerei de miopia? Estou a pensar no abstracto!

 

Uma avezinha que pia... queria eu  fazer uns versos.

Sinto, com grande arrelia, os pensamentos dispersos.

 

Oh! Poetisa falhada! De rimas, só ameaças.

Com a ideia embrulhada... de poemas, só negaças.

 

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6/10/2001

Laura B. Martins

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Domingo, 13 de Junho de 2010

Poema - Minha filha chora

Dispersos álbum

(do meu livro «Dispersos»)

 

Minha filha chora, namoro

de alguns anos terminado.

Foi mais uma tentativa, e choro,

doutro caso atormentado.

 

Minha filha chora, por dentro,

lágrimas de insegurança;

que apenas vejo, se entro,

nessa alma inda criança.

 

Minha filha chora, esconde,

mas surpreendo a brilhar

ao canto do olho, adonde,

a lágrima quer saltar.

 

Minha filha chora, disfarça,

sua dor de solidão.

Não quer que eu vislumbre a farsa

que ela, actriz, me monta em vão.

 

Minha filha chora, sozinha.

Evita mostrar desgosto

no seu rosto de menina, franzina.

Diz-me: «Rei morto, rei posto!»

 

Minha filha chora, esquece,

lágrima que não partilha.

E não quer preocupar-me, parece,

ela a mãe e eu a filha.

 

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06/02/2003

Laura B. Martins
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Sexta-feira, 11 de Junho de 2010

Poema - Fartas do progresso

(do meu livro <Meu mundo 'cá dentro'>)

 

Mais uma casa se ergueu

e tapou aquela brecha,

impedindo que eu espreitasse

um pouco de longitude.

Um pouco de mim morreu.

Senti como se uma seta

de encontro ao peito espetasse,

na paisagem, algo rude.

 

No mundo só há tijolo.

Sentiste-te encarcerada

quando do pátio arrancaram

única árvore que havia.

Servir-te-ei de consolo?

Também não enxergo nada (...)

«Tudo que é grátis, tiraram».

Amiga, disseste um dia!

 

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17/01/2002

Laura B. Martins

Soc. Port. Autores nº 20958

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Quinta-feira, 10 de Junho de 2010

Poema - Prenda

cx.chocolates_flores.jpg(Do meu livro " Dispersos ")

 

Era uma caixa com muitos bombons 

cuja tampa vinha cheia de rosas.

Foi uma oferta tua, eram tão bons

que me esqueci de como são vistosas.

 

Há muitos anos atrás, ouvi dizer

que as prendas são abertas e tratadas

sempre em função do tipo de mulher;

se ricas, pobres ou remediadas.

 

Às ricas interessa o que está dentro.

As pobres guardam sempre as embalagens.

Estão as remediadas bem no centro,

porque no centro se encontram as vantagens.

 

Abrem as prendas sempre com carinho,

e curiosidade feminina.

E tratam os pacotes com geitinho,

sejam de loiça, papel, ou cartolina.

 

Gosto das prendas por inteiro, e agora,

não sei em qual das classes me situo.

Tudo aproveito, nada deito fora.

Uma excepção à regra constituo?

 

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18/04/2003

Laura B. Martins

Soc. Port. Autores n.º 2095 

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Sexta-feira, 4 de Junho de 2010

Poema - Livre como os passarinhos

(do meu livro «Dispersos»)

pardal_mao.jpgÓ tristeza, vai-te embora!
Deixa em paz meu pensamento.
Quando vens ao pé de mim,
não escrevo, só me lamento.
Este mundo já está farto
dos que andam a chorar.
Eu, preciso estar contente
para os outros alegrar.

A alegria não tem preço;
ser feliz, não custa nada.
Basta olhar quem nada tem,
e é feliz, emancipada.
Ter muito já é motivo
para ainda querer mais.
Pra mim, só desejo ter a
liberdade dos pardais’.
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1/10/2001
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958

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Quinta-feira, 3 de Junho de 2010

Poema - Maria azarada

(do meu livro «Dispersos»)

álbum de Dispersos

  

Sou a Maria Azarada, tudo me corre ao contrário.

Eu chego sempre atrasada; esta vida é um calvário.

 

Ai, quem me tira a mordaça que me impede de gritar:

- Esta vida é uma trapaça que os meus olhos faz trocar!

 

Do que me avisam, já era... O que apontam, esgotou-se...

O que me dizes, sincera... era mentira, finou-se.

 

Se algo vai acontecer e quero participar,

quando chego a saber... já acabou, foi ao ar.

 

Os concursos terminaram... falhei-os só por um dia.

As festas já acabaram... bolo, já não há, havia!

 

O automóvel enguiça... O telemóvel sem carga...

Lagartas na hortaliça... Até o café amarga!

 

Camioneta avariada... O combóio que já partiu...

Não há um táxi, nem nada... E a boleia... sumiu!

 

Mesmo assim, cá vou andando, nesta vidinha tramada,

ao S. Pedro perguntando porque é que sou enjeitada;

 

se, nem um passeio garanto, tenho azar ao escolher data.

O tempo estava um encanto e... logo a chover desata.

 

Mas eu prossigo, sem medo, nesta ânsia de viver;

trago comigo um segredo: «sei que parar é morrer»! 

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6/05/2003

Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

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Terça-feira, 1 de Junho de 2010

Livro 18 - Editado 06/2003 Dispersos

(Capa da imagem )
casacampodesf.media.jpg
Era uma vez ... Cabanas !

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Quinta-feira, 20 de Maio de 2010

Poema - Varandas de apartamentos

(do meu livro <Meu mundo 'cá dentro'>)

 

 

Espírito imóvel no tempo,

olhos fixos na paisagem,

braços cruzados no peito.

Espreito-a!

Acho-me em vantagem.

O seu silêncio respeito.

De leve, corre uma aragem

que os seus cabelos agita,

e há um leve palpitar;

quem sabe no que medita

aquela estátua em varanda

de prédio de apartamentos?

Moro à esquerda, último andar.

 

Apanho o mesmo horizonte;

na frente, os prédios rebaixam.

Sigo fazendo uma ponte

sobre paredes pintadas

e chaminés que se encaixam

no vermelho dos telhados.

Em vez d' árvores, antenas.

São florestas encantadas...

de tubagens dirigidas

por onde imagens, centenas,

dum mundo que nós não vemos

descem para a nossa sala.

 

São assim as nossas vidas.

É este o mundo que temos.

Quem sabe, a minha vizinha

gosta daquilo que vê,

co'a paisagem se regala?

 

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17/01/2001

Laura B. Martins

Soc. Port. Autores nº 20958

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Segunda-feira, 10 de Maio de 2010

Poema - Duas folhas de revista

(do meu livro <Meu mundo 'cá dentro'>)

 

Recortei, pus na parede, duas folhas de revista.

Colei-as com fita-cola; sou um pouco masoquista.

Quero mantê-las à vista, quero tê-las bem por perto,

que me lembram minha filha, tão longe ... em destino incerto.

Tenho uma na marquise, outra no computador;

locais onde estou mais tempo, remoendo a minha dor.

No quarto, duas molduras, fotos de época recente;

dá trabalho o pó limpar-lhes mas, sou como toda a gente.

 

Mostram mulher bem direita, túnica branca vestida,

cabelos soltos ao vento, ar de ‘muito decidida’.

Está em pé, numa jangada, olhos fixos no horizonte,

presumo que olha pra cá. Nossos olhos são a ponte

que  transporta os sentimentos de corações padecidos,

cujas emoções contidas, são dois destinos cumpridos.

Todos fazemos p’la vida, levamos cruz ao Calvário,

eu faço contas à vida, nas contas do meu rosário.

 

Tenho uma na parede, defronte da secretária;

(lembra-me até como eu era, numa outra faixa etária).

E a jangada sobre azul, mistura de céu e mar ...

A vela enfunada ao vento num suave navegar ...

Vai devagar. Mas as minhas saudades têm mais pressa;

abri o computador, começo a nossa conversa.

Mando tudo num e-mail, papel de carta bonito,

fotografias daqui, deste Portugal bendito.

 

Segunda folha, colei na parede da marquise.

A máquina do café e a TV, (que chatice),

têm no meio essa folha para que eu nunca me esqueça

à quantos anos atrás fiz uma jura e promessa:

‘Mantê-las sempre apagadas’, essas terríveis manias!

Cafés, só fazem nervoso, TVs só dão porcarias.

Outro auxílio ainda dei, porque a tentação é forte;

Sobre a TV coloquei filha e genro. Boa sorte!

 

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10/08/2001

Laura B. Martins

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Sábado, 8 de Maio de 2010

Poema - Neste mundo... NEM MAIS UMA CRIANÇA!

(do meu livro "Subtileza? Nenhuma!)

 

mulhergravida_deitada.jpgNão ponham mais crianças neste mundo!...

Parem-se os nascimentos de bebés!...

Quanto mais, eu, os homens aprofundo,

mais sinto divididas suas fés.

 

Não ponham em risco a fragilidade

das almas das crianças, imaturas,

que nascem sem um grama de maldade;

e o nosso exemplo, depois, as transfigura.

 

O mundo já está superpovoado.

Os seres infectados proliferam.

A Terra é um presente envenenado,

que vão deixar pior do que lhes deram.

 

Não há palavra d'honra de ninguém.

Os homens não merecem confiança.

Entre guerras e fome, disse alguém:

- Neste mundo... nem mais uma criança!

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31/01/2003

Laura B. Martins

Soc. Port. Autores n.º 20958

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Quarta-feira, 5 de Maio de 2010

Poema - Sugestão não é conselho!

casal_coracao.gif(do meu livro "Subtileza? Nenhuma!")

 

Na ânsia d'encontrar um grande amor,

tu vais coleccionando amores pequenos

que, não te servem, só te trazem muita dor.

Deles, a importância, é de somenos.

 

Acalma-te! Restringe o teu anseio!

Admite que, na vida, não tens sorte!

Para seguirmos sós, há só um meio;

é definir um rumo, o nosso norte.

 

Se ganhas para ti, segue; descobre

os homens que praticam o desmando

de te acharem, de espírito, uma pobre.

Assume duma vez, tu, o comando.

 

Admite que procuras, incansável;

e, por vezes te sentes acuada.

Pra ti, tenho um ditado memorável:

«mais vale só, do que mal acompanhada»!

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5/03/2003

Laura B. Martins

Soc. Port. Autores n.º 20958

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Sábado, 1 de Maio de 2010

Livro 16 - Editado 05/2003 Subtileza? Nenhuma!

(imagem da capa)
capa_homembeberrao.jpg
Acorda, beberrão!

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Terça-feira, 20 de Abril de 2010

Poema - Primavera

casa_trazeiras.pg.JPG(do meu livro Meu mundo "cá dentro")

 

As lágrimas, secaram no meu rosto.

No coração, um pranto desmedido

queimando como lume em fogo posto,

por um amor finito, reduzido.

 

As cicatrizes deste longo Inverno

desmaiam, sobre a pele, em novo tom.

Recordações já mortas, desse inferno,

fenecem, porque o sol tem esse dom.

 

Acordo inebriada p'lo jasmim...

com a 'dama da noite'... o sono vem.

Quem tem a vida perfumada assim,

 

decerto não precisa de ninguém.

Talvez vá procurar um novo amor

quando das minhas flores cair a flor.

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22/03/2002

Laura B. Martins

Soc. Port. Autores nº 20958

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Sábado, 10 de Abril de 2010

Poema - Noite...

(do meu livro <Meu mundo 'cá dentro'>)

 

Detesto muito calor,

Verão, sol, um fogaréu.

Amo o ar fresco da noite,

lua brilhando no céu.

 

Não preciso óculos escuros

para admirar o horizonte.

Luzes, luzes e mais luzes

Na estrada... além... lá no monte.

 

Odeio muito ruído.

Amo o silêncio profundo.

Sempre me encantou ouvir,

quando há silêncio no mundo.

 

Sou como a ‘Dama da noite’

que é bela flor encantada;

de dia, fecha-se ao sol

e à noite, abre perfumada.

 

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12/08/2001

Laura B. Martins

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Terça-feira, 6 de Abril de 2010

Poema - Vendo as rosas a crescer...

(Poema do meu livro "Histórias dos amigos") rosas.jpg

 

O meu amigo Lourenço, deu uma lição de vida,

quando eu julgava perdida essa arte de viver.

Contou que na sua casa, na província, tem rosas;

que ele, com mãos amorosas, cuida como deve ser.

 

Um dia, a esposa pergunta, ao vê-lo parado, quieto,

olhos fixos em objecto, sem dar pra ela entender:

- Andava à tua procura, marido. Estás tão calado,

absorto, silenciado, que estás aí a fazer?

 

Responde o amigo Lourenço: - Estou farto de tanta lida.

Chega-te aqui, minha querida, vem ver as rosas crescer!

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27/05/2002

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 5 de Abril de 2010

Poema - Virtual - amigo perdido

(do meu livro "Histórias dos Amigos")
amigo_verdadeiro.jpg

 


No mundo não sabemos que fazer. Na vida não sabemos como agir.

Falando, deitamos tudo a perder. Calando, é como estar a fingir.

 

Perdi o meu amigo virtual. Claramente falei; e não gostou.

Apontei-lhe um erro fenomenal no seu poema, e ele desandou.

 

Eu vou contar a história e pedir, a quem ler isto, se responder-me possa,

que diga se devemos engolir quando um amigo é motivo de troça.

 

Escreveu ele um poema, assaz jocoso, desses de fazer rir, que não tem mal;

e, porque é um poeta virtuoso, doeu-me aquele engano colossal.

 

Rimou, ele, a palavra Kumasatra que não existe, (mas um erro qualquer faz),

com o verso «sair pela culatra». Se houvesse tal palavra... era capaz!

 

Logo escrevi, apontando-lhe o defeito; e disse, Kamasutra, dever ser.

Brincando, acrescentei, não haver jeito por ser rima difícil de fazer.

 

Amofinou-se o homem, não gostou. Julgando-se infalível, respondeu

que não ligava a 'isso', nem ligou. Foi-se no éter. Nunca mais ele escreveu.

 

Perante tamanha desfaçatez, ao ver a amizade reverter,

eu rezo: Ó Deus, (que lá do alto tudo vês), manda-me só amigos pra valer!

 

Está pendurado, numa placa de madeira, este poema, para eu não esmorecer

no são cultivo d'amizade verdadeira; mandando «às favas» quem me quer aborrecer.

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5/03/2003

Laura B. Martins

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Quinta-feira, 1 de Abril de 2010

Livro 17 - Editado 06/2003 Histórias dos amigos

(imagem da capa)
casalEmiliaBasilio_hera.jpg
em Cabanas, casal de bisavós

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Quinta-feira, 25 de Março de 2010

Poema - Amar você... cavalo selvagem!

 

(Do meu livro «Animais»)
 

Não é preciso que seja diferente,

para conter a beleza do mundo.

Basta ser um cavalo, simplesmente,

e o seu relincho ecoar, bem lá no fundo

 

da imensa planície onde, liberto

da lei dos homens, belo, na paisagem

se confunde o seu correr inquieto,

iludindo-nos, pensamos ser miragem.

 

Amo a ideia de saber que existe

entre as melhores obras do Senhor.

Enquanto houver um cavalo que resiste,

 

haverá liberdade, a Deus louvor

mesmo sem orações. Ele subsiste

em pura perfeição e esplendor!

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8/05/2002

Laura B. Martins

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Domingo, 21 de Março de 2010

Poema - Repasto

(do meu livro «Animais»)

 

caes_iloveyou.jpg Comi de tudo, da vida fiz repasto.

Até daquilo que provei, mesmo nefasto,

fui recolhendo e amarrei num bouquet.

Viagens, fiz algumas; reparei,

do mar, ter um receio que só eu sei!...

Dos aviões nunca tiraria brevet (...)

 

Assim, me limitei aos pés na terra

porque é difícil viajar, (está tudo em guerra...

por todo o lado são países desavindos).

Reduzi o meu espaço ao meu país;

e hoje, faço aquilo que não fiz,

contando no bouquet ramos infindos.

 

De moça nova que era, namorei;

e alguns corações despedacei

mas, no correr dos anos, são fatais

as trocas. Que prefere o ser humano?

Quando a idade avança, o que é mundano

passa. A mim... ficaram-me os animais!

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29/09/2002

Laura B. Martins

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Sábado, 20 de Março de 2010

Poema - Quando acordei...

(do meu livro <Meu mundo 'cá dentro'>)

 

À minha volta há beleza e motivo pra cantar.

Será reflexo de ver simples flores, ao acordar?

 

Nos ouvidos, os acordes da mais bela melodia:

passarinhos a cantar, anunciando que é dia.

 

No corredor mia o gato. Também quer experimentar

a beleza deste dia; quer ir correr e saltar.

 

O cão toca nos brinquedos, música desafinada.

Para mim, é como opereta bonita e bem ensaiada.

 

Se em tudo eu vejo beleza, música, flores e perfume,

porque existe tanta gente que em tudo só vê negrume?

 

São horas de levantar, tocar o barco a bom porto!

Estou feliz! Não como alguém que: «Quando acordou, estava morto»!

 

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1/10/2001

Laura B. Martins

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Quinta-feira, 11 de Março de 2010

Poema - Não quero ver nascer mais animais

(do meu livro «Animais»)

 

gato_olhospiscar.gif

  

A civilização, assim chamada

pelos homens, tomou o lugar de Deus.

A terra foi usada, transformada,

em prol do homem e dos interesses seus.

 

Esterilizem-se todos os animais!

Amiga deles sou eu, mas eu condeno

gaiolas, zoológicos, quintais,

prisão de cercas ou o abandono obsceno.

 

O inverso daquilo que escrevi

também condeno, de forma diferente;

animais de almofadas, pedigree,

penteados e com roupas, quase gente.

 

Deixem-nos ser aquilo que Deus quer,

deixem viver em função da razão

dos seres vivos, homem ou mulher,

pássaro, crocodilo, gato, cão.

 

Façam-se vídeos para a posteridade

nos habitates próprios, qu' inda têm.

Enquanto o homem, por voracidade,

não invade o seu espaço, e a morrer vêm.

 

Caçados por luxúria, ou por desporto,

são chifres, patas, peles, e o que mais

inventa o homem; tudo acaba morto.

Não quero ver nascer mais animais!

 

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1/02/2003

Laura B. Martins
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Quarta-feira, 10 de Março de 2010

Poema - Silêncio...

(do meu livro <Meu mundo 'cá dentro'>)

 

Estou só! A cidade dorme!

Sozinha no meio da noite.

Horas mortas, no silêncio,

não tem muito quem se afoite.

 

Dum carro oiço o rodado.

Os gatos clamam no cio.

Cantam grilos e cigarras

enquanto a vida avalio.

 

O carro foi-se, pra longe.

Os gatos acasalaram.

Canto de grilo e cigarra

toda a vida me embalaram.

 

O fresco é convidativo,

busco o calor do meu leito.

O sono já vem chegando...

O silêncio fez efeito!

 

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12/08/2001

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 1 de Março de 2010

Livro 14 - Editado 01/2003 ANIMAIS

(Imagem da capa)
cao_paraplegico.jpg
Cão paraplégico. Quanto pode o amor!...

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Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2010

Poema - Pausa!

(do meu livro «Meu mundo - lá fora») chapeusol_relva.jpg

 

Está fresco e corre uma aragem

debaixo da trepadeira.

À volta, há verde com flores,

compensando a soalheira.

 

Abri o chapéu de sol

no alpendre, bem juntinho

ao toldo. E agora reparo:

- Olha, um ninho de estorninho!

 

As ramadas do chorão

dançam ao sabor do vento.

Não preciso de mais nada,

eu com pouco me contento.

 

Além, um pinheiro enorme

com arredondada copa.

Vem vindo uma lagartixa ...

A imaginação galopa.

 

Não é imaginação!

É a alma consolada

porque os olhos se distraem.

Tenho a mente descansada.

 

Do outro lado da rua,

entre duas moradias,

espreita-me uma bananeira.

Toca o sino Avé-Marias.

 

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25/06/2001

Laura B. Martins

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Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2010

Poema - Quinta do anjo

saboresdePortugal.jpg(do meu livro «Meu Mundo - lá fora»)

 

Algum motivo tiveram, pra te chamarem assim;

tu és a QUINTA DO ANJO e foste um anjo pra mim.

 

Quilómetros te separam de Cabanas, terra minha;

onde brotam os meus versos de manhã e à tardinha.

 

Aqui provei coisas boas: pão, vinho, queijo e amor.

Todas dignas de ir à mesa de um rei e Nosso Senhor.

 

Adoptei-os, fi-los meus: distrito, terras e gentes.

Até pasmo com os moinhos, que estão vivos e contentes.

 

Setúbal, QUINTA DO ANJO, Palmela, Serra do Louro,

fazem parte do meu mundo; adoro-os, são um tesouro.

 

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28/07/2001

Laura B. Martins

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Terça-feira, 23 de Fevereiro de 2010

Poema - Nevoeiro junta-se à Festa

(do meu livro «Meu mundo - lá fora»)Palmela_monteenevoado.jpg

 

- Festa das Vindimas em Palmela -

 

 

São às dezenas as tendas de feirantes e artesãos.

Todos podem comprar prendas, de enfeites, encher as mãos.

A igreja, sem demora, abriu com o artesanato.

Ficou ‘bom vinho’ cá fora, exposto com grande aparato

 

Os portugueses, vieram sentar na relva, ao fresquinho.

Alguns, os bancos trouxeram. Outros, dentro do carrinho,

conseguiram estacionar-se umas quantas horas antes.

E mais uns, empoleirados em tudo quanto é mirantes.

 

Bem comidos, com um brilho nos olhos, da luz e cores,

um estribilho nos ouvidos, de ouvir a marcha em clamores.

Bem bebidos, que esta terra tem boa pinga, a granel.

Nas redondezas, bom pão, queijo e um bom Moscatel.

 

Desde a meia noite, foi o reboliço esperado

pra sentar e poder ver final de festa anunciado.

Acabaram as largadas e já passou o cortejo.

As festas são terminadas com foguetes e lampejo.

 

Palmela vestiu de gala, para a Festa das Vindimas.

A mim, deixou-me sem fala. Resolvi expressar-me em rimas.

Esta terra de ar faceiro, deixa a vista regalada;

mas, subiu o nevoeiro e deixou-a enevoada.

 

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5/09/2001

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2010

Livro 12 - Editado 12/2002 Meu Mundo 'lá fora'

(imagem da capa)

VilaPalmela-castelo.jpg

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Sábado, 20 de Fevereiro de 2010

Poema - Natureza viva

(do meu livro <Meu mundo 'cá fora'>)

 

Natureza é maravilha que Deus pôs para deleite

dos homens. Neste jardim, ele a deixou como enfeite.

 

Os passarinhos saltitam em alegre pipilar.

As roseiras têm flores com cores de aos céus bradar.

 

A madressilva cheirosa e uns pequenos malmequeres

azuis aqui, rosa além... e amarelos se preferes.

 

Agapantos em azul e branco eles floriram.

As lantanas coloridas de mil flores se cobriram.

 

Gazâneas abrem ao sol e, entre as pedras desponta,

a relva muito verdinha que eu rego vezes sem conta.

 

Naquele canto sem graça, pus linda planta sem flores

com folhinhas todo o ano. Foi trazida dos Açores.

 

A cameleira florida, co’a buganvília por tecto,

tem ao lado uma plantinha a quem dou o meu afecto.

 

Era planta de interior mas não quis estar na sala.

Cá fora, encostada ao muro, está linda que se regala.

 

Osgas chapadas no muro aproveitam o sol quente.

O jasmim, lá vai trepando; com cheiro que inebria a gente.

 

As flores de cera, rosadas, pendem aos cachos na rede.

Vou pra dentro, beber água, que este calor fez-me sede!

 

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28/07/2001

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2010

Poema - Rio d'amor!

barco_nau.gif(do meu livro "Imaginação")

 

Lágrimas, chorei tantas que perdi

a conta, neste rio que correu

dos meus olhos, em direcção a ti.

E assim, entre nós dois um rio nasceu.

 

Os barcos que o navegam, emoções,

de velas desfraldadas ao sabor

de vento alísio ou em furacões,

nas tempestades próprias do amor.

 

Períodos de seca o empobrecem,

deixando só um regato a correr.

Os verdadeiros amantes, não se esquecem

que um dia ele voltará a encher.

 

No Outono da vida de nós dois,

bem longe das loucuras, do fulgor,

aprendemos que o melhor vem depois,

na calmaria doce do amor.

 

Os sonhos perderam-se, no caminho;

não há mais tempo, a vida nos frustrou.

Recordando, murmuramos baixinho:

- Foi uma nau pirata que os roubou!

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25/11/2002

Laura B. Martins

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Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2010

Poema - Última folha

(do meu livro «Imaginação)


folha_ultima.gif
 

Uma árvore velha, retorcida, na paisagem que avisto da janela;

de tronco bifurcado, ela resiste às intempéries. Pareço-me com ela!

 

Todos os dias a vejo, erecta, firme; abrigando pássaros. Com folhas

colorando, ao sabor das estações. Assim, durante a vida fiz escolhas.

 

Na Primavera, escolhi viver feliz. É próprio do verdor da natureza

de quem é jovem, e pensa que o amor é um reino encantado. Só beleza!

 

Escolhi, eu, dar à luz os meus rebentos com a chegada do Verão; ramifiquei-me.

A sombra aos cansados viandantes foi duplicada; fiz-me em duas... bifurquei-me!

 

À minha volta rodopiam folhas, vento!... Bailam, chilreiam, como filhas que se vão

seguindo a vida, o destino, esperançosas. Um frio d'Outono trouxe-me a desilusão!

 

Gélido Inverno, que me deixa entristecida. Presa num ramo, a última folha cai.

Enfim, liberta dos deveres familiares (!) Rolou a lágrima, um soluço me contrai.

 

Mas, outra Primavera se anuncia. No renovar do ciclo, posta à prova,

retorno à vida, algo ressequida, um pouco menos forte, e menos nova.

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6/03/2003

Laura B. Martins

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Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 2010

Poema - Damasqueiro intrometido

(do meu livro «Meu mundo 'cá dentro')

 

Da janela da marquise, vejo-o na minha frente,

ali, no meio do quintal. Quem o plantou foi prudente...!

Quem o fez foi consciente, pois sabia que faz mal

ver reflectido nos muros este sol de Portugal.

 

Tudo pintamos de branco: paredes, muros, o que for...

depois, quando bate o sol... ficamos cheios de calor!

 

Cá dentro, olhando pra fora, se for de Inverno, é bonito;

que o damasqueiro sem folhas, podado, é bem pequenito.

 

Mas cresce, na Primavera tem grandes ramos... imenso ...

Não é aquilo que era; cada vez está mais denso.

 

Eu olho e só vejo verde. Nem a visão mais arguta

consegue ver pra além dele... Está cheio de folhas e fruta!

 

Por mais que espreite, não vejo muito mais além do chão.

Que agora a coisa é mais fina; é o pino do Verão,

 

Passarada barulhenta. Seguidamente, um esplendor!

O calor inda apoquenta... Mas já está menos calor!...

 

E as folhas que em quantidade caíram, já deixam ver

o dourado dos pomares. É o Outono a nascer!

 

Foi difícil de entender, o maroto... e deixar ver

árvores, casas e flores... e do mundo as outras cores.

 

Chegou, de novo, o Inverno! Mas a árvore, coitada,

passa a época de frio sem os seus ramos, cortada...

 

É a Lei da Natureza! E mesmo assim, tem beleza!

 

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10/2000

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2010

Livro 15 - Editado 5/2003 IMAGINAÇÃO

(imagem da capa)
capa_castelobrumas.jpg
Na bruma, D. Fernando se perdeu...

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Quarta-feira, 20 de Janeiro de 2010

Poema - Gramo a grama!

(do meu livro «Meu mundo - cá dentro») grama_bancojardim.jpg

 

É grama, sim. É grama, sim senhor!

Gramo aos molhinhos a grama do meu jardim.

É grama, sim. É grama, sim senhor!

Há quem não grame, eu gramo e tem valor pra mim.

 

Ela percorre os carreirinhos, entre a pedra.

Se tudo mais não crescer, ela cresce e medra.

A gente corta, corta e ela cresce mais...

é resistente, aguenta sol e vendavais.

 

É grama, sim. É grama, sim senhor!

Gramo aos molhinhos a grama do meu quintal.

É grama, sim. É grama, sim senhor!

Há quem não grame, eu gramo o seu valor real.

 

Dum lado seca mas, do outro cresceu bem.

Não é preciso comprar, pois sempre se tem.

Cortam-se as guias, despontam-se com paciência...

Replantam-se, e não precisa grande ciência.

 

É grama, sim. É grama, sim senhor!

Gosto de a ter no meu jardim, dou lhe valor.

Gramo aos molhinhos esta grama verde e forte;

ela não cede a geadas, nem vento norte.

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30/08/2002

Laura B. Martins

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Domingo, 10 de Janeiro de 2010

Poema - Criatividade

(do meu livro «Meu mundo 'cá dentro'»


casatrazeiras_piscinabuganvilia.jpg Quem vai, deixa muitas coisas. E quem fica, deita fora.
Mas esta minha cabeça, dá-lhes destino na hora.

Tinha sobrado uma grade do habitante anterior.
Vou já mandar arranjá-la, fazer-lhe seja o que for.

À medida da janela, ela vai ter que ficar;
para impedir o ladrão de cá em casa me entrar.

Até a banheira antiga eu enterrei no quintal;
um banho lá, no Verão, é algo fenomenal.

Tenho um duche de jardim, que se liga a uma mangueira.
É portátil, muito bom, lava-se o cão à maneira.

À volta, tudo empedrado; com degraus, muro, canteiro.
Além a mesa e as cadeiras; e por cima, o damasqueiro.

Rua íngreme e a casa tem o chão desnivelado.
Morar na serra é assim: são degraus por todo o lado.

Mais abaixo, em dois socalcos, tem couves, diospireiro.
a laranjeira, a gamboa e um bonito loureiro.

Na frente, fiz um alpendre. Bancos compridos, balouço.
Mesinha e umas cadeiras. Como lá o meu almoço.

De quarenta por sessenta, eu compro pedras bem grandes;
semeio a relva entre elas, fica pronto nuns instantes.

É relva de qualidade, com qualquer coisa à mistura
que o cão gosta de comer... e assim lhe mantém a altura.

De lado eu aproveitei, pra colocar limoeiros;
mais uma tanjerineira e umas ervas de cheiros.

Até tem caramanchão de grande maracujá.
É uma planta do Brasil, mas aqui também se dá.

Misturado nos canteiros, há um hibisco, entre as flores;
malmequeres brancos, gigantes, e outras, de várias cores.

Também tem o meu amado chorão, que em ramos é farto.
Fui eu que ali o plantei, para dar sombra ao meu quarto.

Depois, vi que funcionava como casa apalaçada
pra passarinhos e melros, que cantam p´la madrugada.

O muro alto, à direita, era uma parede nua;
agora, tem flores laranja que já galgaram prà rua.

E tudo foi obra minha. Saiu da minha cabeça.
Ao que estava nesta casa, vi que me sentia avessa.

Toda a gente tem, no fundo, sua criatividade.
A questão é descobri-la, colocá-la em liberdade!
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2/2001
Laura B. Martins
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Sexta-feira, 1 de Janeiro de 2010

Livro 11 - Editado 12/2002 Meu mundo 'cá dentro'

(imagem da capa)

Fetos caseiros.jpg

Aquém dos muros do quintal

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Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009

Poema - Fadistas e poetas

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

A Poesia é imortal. É necessário entendê-la.

Pena que sejamos poucos a conseguir descrevê-la.

 

Os poetas vêem mais. Oiçam o que vou dizer:

Vejam pelos nossos olhos, o que não souberam ver.

 

Crêem os poetas loucos, sofrendo da mioleira.

Enquanto escrevemos versos, outros só fazem asneira.

 

As guitarras e violas acompanham a preceito.

Dedilham-nas outros homens, também loucos, no seu jeito.

 

Na vida tem outros loucos. Creiam no que vou dizer:

São fadistas portugueses, cantando o nosso escrever!

 

Somos loucos nesta vida. Depois do nosso morrer,

ao longe inda ouvirão vozes contando o que foi viver.

 

Ah! Portugal, minha terra! Oh! Amália, embaixatriz!

Os fadistas são poetas, dando voz ao meu país!

 

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18/07/2001

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 20 de Novembro de 2009

Poema - "Viva o tráfego virtual"

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

 

Estas rimas são, a justa homenagem,
a mim e a todos, que têm coragem,
de aprender sozinhos, sem um professor,
a fazer de tudo, num "COMPUTADOR"!

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Hoje, falam-me de coisas, que até parecem banais.
Pra mim é tudo chinês. Nunca ouvi palavrões tais!

É a Web, a Internet, o Microsoft Outlook,
o scanner e o e-mail... Eles me levam... um "shut"!

É que já estou tão maluca, com este palavreado,
que pego o computador e o envio para o Diabo.

A filha manda um e-mail. A amiga outros reenvia.
Quando quero responder-lhes... Ligação, não há. Havia!...

E passo horas e horas, defronte desta caixinha.
Liga p'ra aqui e p'ra ali... Pareço louca, tontinha.

Tecla pra cá e pra lá. As mensagens vêm, vão.
Clico daqui, tu daí. Estavam aqui, já não estão!!!...

Tu juras que me enviaste.Eu índa te mandei mais.
E perderam-se as mensagens? Assim, não dá. É demais!

Vai ficando assim p'los ares, este tráfego de estrada;
qualquer dia, cai-me em cima. E vou morrer... Afogada!

 

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6/2000

Laura B. Martins

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Terça-feira, 10 de Novembro de 2009

Poema - Depressões

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

‘Depressões’ são estados d’alma

de gente rica, acredito.

Que o pobre, se rouba um pão,

comete logo um delito.

Quem é pobre, não tem tempo

pra se deixar abater;

sua vida é trabalhar

e aos filhos dar que comer.

 

Eu já tive depressões.

Tinha pouco que fazer.

Delas eu já me curei.

Tenho muito que escrever.

 

Quando os olhos vêm longe

e o coração está aberto,

se os amigos nos rodeiam,

estamos no caminho certo.

Lutamos pelas nossas vidas,

temos a vida ocupada.

Depressões? – Não tenho tempo!

Daí, já estou descansada.

 

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28/07/2001

Laura B. Martins

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Terça-feira, 20 de Outubro de 2009

Poema - Candeia de azeite

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

Como a luz da candeia, sem azeite,

esmorece e vai, de alumiar, deixando,

assim, a minha vida sem deleite,

enfraquece; a pouco e pouco se apagando.

 

De muito que gostava, eu deixei.

Considero-as coisas, tão banais...

Exercícios do corpo, descurei.

Devagarinho, afasto-me dos mortais.

 

«Candeia à frente, alumia duas vezes»;

É frase antiga, dum ditado popular.

Que ninguém venha atrás de mim, porque os revezes,

 

já muito me fizeram tropeçar.

Não é porque um, ao poço, foi deitar-se,

que os outros vão atrás, para atirar-se.

 

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22/02/2002

Laura B. Martins

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Sábado, 10 de Outubro de 2009

Poema - Apeadeiro

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

 

Combóio antigo, eras a lenha e a vapor;

na minha vida transportavas o amor.

Modernizado, a electricidade, rico...

mas é do outro que com saudades eu fico.

 

Restam lembranças dos teus penachos de fumo

e, também lembro, que a vida mudou de rumo.

Recordações dos teus apitos de alegria

ainda tenho. Transportavas fantasia.

 

Segues viagem, sem ter dó nem piedade.

Automotora viraste e em velocidade

passas por mim, sem reparar que sou estação-

 

-apeadeiro, antiga. Desilusão!

Não tenho escadas rolantes mas há um bosque

atrás de mim. Inda há jornais no quiosque!

 

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20/10/2001

Laura B. Martins

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Quinta-feira, 10 de Setembro de 2009

Poema - Folhas d'hera

(do meu livro «Ao correr da Pena»)

 

Anda no ar...

um cheiro de Primavera.

Cai uma chuva...

fria, leve, sobre a hera

que chora, 

de alegria; já lavado

o manto,

com que o muro é enfeitado.

 

Anda no ar...

cheiro de terra molhada.

É Natureza

verde, limpa, perfumada.

 

Anda no ar...

cheirinho de tempo ameno.

Cobrem-se as árvores

de flores e cresce o feno.

 

Anda no ar...

prenúncio de bom respigo.

Crescer de plantas,

verdinhas, maturar trigo.

 

Anda no ar...

um cheiro de Primavera.

Nuvens, borrifos

de chuva, mimam a hera.

 

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19/03/2002

Laura B. Martins

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Quinta-feira, 20 de Agosto de 2009

Poema - Paz podre!

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

É Paz podre, o que todas desfrutamos

no limiar da guerra. Expectativas

de eventuais conflitos que esperamos

não aconteçam, e permanecer vivas.

 

Nós e as nossas filhas;  já que ‘o homem’

guerreia, desde tempos sem memória.

Senhor! Dá-nos a PAZ! Faz com que somem

tudo que é bom e olvidem luta inglória.

 

Lutar em prol de uma religião...

por ela erguer as armas... e o bastão...

pra conseguir torná-la eficaz.

 

Acreditava eu que os seres ateus,

sendo ímpios e descrentes, sem um Deus,

esses é que eram as pessoas más (...)

 

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28/09/2001

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 10 de Agosto de 2009

Poema - Atentados

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

 

As notícias da TV, deixaram-me emocionada.

Já não se foge da guerra, contra nós é atirada.

Desviaram aviões, obrigaram a matar-se

meio milhar de cidadãos desejosos de apear-se.

 

Ai, meu Deus! Quanta loucura se comete pela Fé.

Esquecem os Mandamentos; matam sem saber quem é.

São as seitas religiosas, de líderes infernais;

que Fé é tão poderosa que os transforma em animais?

 

Já não há Fé neste mundo. Não há a quem recorrer.

Conheço quem, sem ter Fé, não faça ninguém sofrer.

Qualquer das religiões, que hoje infestam nosso mundo,

pela força só conseguem causar desgosto profundo.

 

Considero pacifista, toda e qualquer pessoa

que recusa andar em guerra e é humanamente boa.

Também de guerras não gosto e contra elas me insurjo;

quero é saber o que faço e para onde é que eu fujo?...

 

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11/09/2001

Laura B. Martins

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Domingo, 10 de Maio de 2009

Poema - Golfe português

(do meu livro «Ao corer da pena»)

São campos em Portugal!

Relvas feitas à medida

de quem quer atirar bolas

com um taco e sem corrida.

 

Relvados de Portugal!

Campos pra grandes senhores

praticarem um desporto,

finíssimo, sem ter dores

 

e, sem suores, também.

Os tacos vão num carrinho!

Têm quem apanhe as bolas!

Que desporto mais mansinho!

 

Bem trajados, a rigor,

lá vão bailando com os tacos.

Apostando uns com os outros,

metem bolas em buracos.

 

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 11/10/2002

Laura B. Martins
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Segunda-feira, 20 de Abril de 2009

Poema - S. Pedro de Moel

(do meu livro «Ao correr da Pena»)

 

Esta falésia que me encanta...

é minha terra abençoada,

junto ao mar.

Inda me espanta,

das ondas, o marulhar.

 

São as gaivotas diferentes

nos outros lugares, distantes;

aqui, de igual,

nossas gentes

de rosto curtido a sal.

 

As marés vêm e voltam,

acariciam os barcos

de pesca,

peixes se soltam

das redes, na tarde fresca.

 

S. Pedro de Moel, ai,

que te trago no olhar,

na lembrança

que se esvai,

de quando era criança.

 

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30/07/2002

Laura B. Martins
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Sexta-feira, 10 de Abril de 2009

Poema - Idade do ouro

(do meu livro «Ao correr da pena»


casal_silhuetas.jpgOs jovens no seu viver e maneira de falar,

pensam, falam em morrer; mas, fazem-no sem pensar.

 

Na meia idade se fala, na morte, com mais cuidado.

Julgamos ultrapassá-la... que a morte nos passa ao lado.

 

Mas, na idade do ouro, talvez pra lá dos sessenta,

viver já é um tesouro; e a morte nos apoquenta.

 

Fomos loucos, levianos; sorrimos, rememoramos.

Queremos viver mais anos. Já faltam poucos... pensamos.

 

A contagem decrescente instala-se, sem querermos.

Inconsciente, na mente, o desejo de vivermos.

 

Ah! Juventude incapaz! Quanto bem desperdiçado.

Pudesse eu voltar atrás... Fazer do futuro... passado!

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17/02/2002

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 20 de Março de 2009

Poema - Lamento

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

Não conseguimos retê-los,

os filhos são como o vento;

fugazes, inconscientes,

alheios ao nosso lamento.

 

Os filhos não nos pertencem,

só os pusemos no mundo;

têm voz própria, cabeça,

capacidade, no fundo.

Desde o dia em que nos nascem

pensamos manipulá-los;

nós, pais, tão boas pessoas,

só queremos ajudá-los.

 

Ajudêmo-los na sombra

tenhamos mão invisível;

e veremos que caminham,

na vida, o melhor possível.

Têm corpo e alma próprios,

não são extensões de nós.

Deus, fez o mesmo connosco,

deu-nos alma, corpo e voz.

 

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3/10/2001

Laura B. Martins

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Terça-feira, 10 de Março de 2009

Poma - Filhos!

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

 

Entram em casa e já saem, altos, fortes e felizes.

Junto deles, hoje, somos como simples aprendizes.

 

É que eles sabem viver o dia a dia. - Amanhã...

depois a gente vai ver! Levam uma vida sã!

 

- Hoje temos uma festa. Amanhã logo se vê!

O dia correu-lhes bem. Preocupados, porquê?

 

Muito antigos somos nós, que apesar de mais vividos,

levamos os dias d’hoje algo tristes, inibidos.

 

Preocupados co’a vida... Se faz sol ou vai chover...

Receosos do futuro... temos muito pra aprender.

 

O filho, fez hoje exame. Lá caminha pra doutor

e diz: - Não se preocupem. Prò ano eu faço melhor!

 

A filha, escolheu seu curso sem querer ouvir-nos a nós.

Mas, filhos são assim mesmo. Já querem caminhar sós.

 

As portas que se lhes abrem, fechadas anos atrás,

fizeram assim os pais. As condições eram más.

 

Hoje há muito que escolher; mundo de competições.

Melhor é estarmos calados que os filhos dão-nos lições!

 

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3/10/2001

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

Poema - Mães!

(do meu livro «Ao correr da pena»)

 

 

Ó  minha mãe, minha mãe!

Ó  minha mãe, minha amada!

Quem tem uma mãe, tem tudo.

Quem não tem mãe, não tem nada.

 

Quem disse isto, eu já não sei,

também não quero saber;

de quem escreveu, copiei,

assim, queria escrever.

 

Sobre as mães, há muito escrito,

eu vou escrever também.

Todo mundo, quando aflito,

 

procurou apoio de mãe.

O pai, pode ser um mito;

mas sem mãe, não há ninguém.

 

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23/05/2002

Laura B. Martins

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Terça-feira, 20 de Janeiro de 2009

Poema - Curto momento!

(do meu livro «Ao correr da pena») maq.escreverantiga.gif

 

Tenho a cabeça ocupada

com o que passo ao papel.

E as mãos também se distraem,

escrevem poesia a granel.

 

Agora, é que vão ser elas!

Vou mostrar o que escrevi!

Dou-lhes a minha palavra

de que eu cá nunca menti.

 

Não gostaram do que leram?

Isso a mim não me faz mossa.

Mais vale escrever poemas

que asneira fazer, da grossa.

 

Ficou roupa por passar

e o chão não foi lavado;

mas, valeu este momento.

Foi ou não foi bem passado?

 

Agora vão desculpar;

mas, eu tenho que ir andando.

E de mim podem falar,

que eu estou pouco me... importando!

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26/07/2001

Laura B. Martins

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Sábado, 10 de Janeiro de 2009

Poema - Do meu jeito...

(do meu livro "Ao correr da pena") margaridas_brs.3.gif

 

Mais do que um livro escrevi;

e em versos, o que vivi,

no meu jeito indiferente

fui contando, a toda a gente.

 

Mais de mil flores semeei,

não tem conta o que plantei:

couves, arbustos e salsa

dançaram comigo a valsa

do dia a dia encantado,

que às vezes parece um fado,

outras, violinos de rei.

 

Um dia, descansarei.

Se é curta a vida, não sei!

Cuidei dos meus animais,

por outros, lutei demais...!

Tive os filhos que podia...

Fiz os livros que devia...

Árvores? Mais, plantarei!

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2/05/2002

Laura B. Martins

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Quinta-feira, 1 de Janeiro de 2009

Livro 10 - Editado 11/2002 AO CORRER DA PENA

(imagem da capa)
canetatintapermanente.jpg
Com a caneta da imaginação...

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Quarta-feira, 10 de Dezembro de 2008

Poema - O guarda da serrania

(do meu livro «Meu tipo inesquecível»)

 

Tenho conhecido gente

que, depois, quero esquecer.

Mas é preciso ir em frente,

porque tem gente decente

com quem vale conviver.

 

Por um acaso feliz

ou força de circunstância,

conheci gente que diz

viver na serra feliz,

dos outros querer distância.

 

É um trabalho d' amor,

ser guarda da serrania;

ver do horizonte a cor,

plantas, rebanho, pastor,

hora a hora, dia a dia.

 

O inimigo matreiro

espreita, de dia ou de noite.

Deflagra em mato rasteiro,

devora estrada, pinheiro,

bombeiro que mais se afoite.

 

Na solidão do seu posto

mora a família, isolada.

É gente sã, que dá gosto:

um filho, os cães e, no rosto,

marcas de sol e geada.

 

Vigias, observatórios

de madeira, construídos.

Nas serras, praias, notórios;

dentro, trabalham, inglórios,

homens e mulheres unidos.

 

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21/06/2002

Laura B. Martins
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Segunda-feira, 10 de Novembro de 2008

Poema - Oh! Gente da minha terra!

(do meu livro «Meu tipo inesquecível»)

 

 

Oh! Gente da minha terra! Tão apegados à lida!

Doenças não os abalam. Que será que os prende à vida?

 

Correm a recta final, em competição amiga.

Viveram num outro tempo; à mão ceifavam a espiga!

 

Aproveitam o que podem. Inda querem saber ler.

Olho-os e vejo a beleza e cor, de um entardecer.

 

Vão à escola, sacrificam serão, do dia o final.

Elas deixaram a renda... Eles... querem ler jornal.

 

Usam a mesma ternura com que cuidaram dos netos,

pra escreverem nos cadernos letras e números correctos.

    

E lêem com reticências... gaguejam... Não se apoquentem!

São capazes de ensinar-nos mais do que aquilo que aprendem!

                                                              

As mãos já sofrem de artroses e os joelhos estalam;

as costas curvam um pouco, mas... suas memórias falam!

 

Cantam, desfiam contentes, recordações do passado.

E contam histórias bonitas do século terminado.

 

Ah! Gente da minha terra! Às outras terras igual.

Oh! Gente do meu país! É assim, em Portugal!

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18/06/2001

Laura B. Martins

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Terça-feira, 10 de Junho de 2008

Poema - Morte duma árvore

(do meu livro «Meu tipo inesquecível»)


(Querido Damasqueiro) arv.damasqueiro.gif

 

A árvore de fruta estava velha

e, em vez de a podar, que me aconselha

o jardineiro, das árvores doutor?

Cortá-la, que o seu tempo está no fim!

Eu olho para ela e para mim e pergunto-me:

- Que é feito do amor?

 

As grandes pernadas têm secado,

abre fendas no tronco, condenado

à morte. Está no fim a sua vida.

É impossível tirá-la do canteiro;

a serra corta rente e o jardineiro

mata com ácido a raiz já perdida.

 

Protegeu-me do sol, doou-me a fruta,

floriu na Primavera até que bruta

mão maldosa matou-a num repente.

Ela tinha um destino marcado;

(antecipadamente terminado)

num vaso, árvore nova está presente.

 

Doeu-me aquela morte antecipada.

Não quero ir à janela, estou chocada

e nada orgulhosa deste feito.

Sei que a vida é assim mas, se aos humanos

se fizesse o mesmo, como se aos danos

da velhice eles não tivessem direito?

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15/12/2001

Laura B. Martins

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Sábado, 10 de Maio de 2008

Poema - Exemplo de mãe!

(do meu livro «Meu tipo inesquecível»)

 

Tu eras tão pequenina...

mais ou menos metro e meio.

Dos meus tempo de menina,

relembro que parecias

alta, como o meu anseio.

 

Ansiava por crescer,

sem saber que era ruim.

Depois, tive que aprender

que a altura era dos sapatos,

com saltos altos; e assim...

 

Eu queria ter uns que tais,

pra ser alta e ser alguém.

Não somos todos iguais.

Mesmo de sapato raso,

escrevo versos, minha mãe!

 

Eras artista por dentro,

toda virada prà vida.

Romântica cem por cento;

mas, não conseguiste nada,

apesar de extrovertida.

 

Teu romantismo matou

tudo que era iniciativa.

E, num amor que acabou,

tanto que insististe, mãe...

que viveste pouco viva.

 

Dos exemplos que me deste,

eu tirei uma ilação:

«Se por amor te perdeste,

jamais quero amar alguém

porque aprendi a lição».

 

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9/09/2001

Laura B. Martins

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Quarta-feira, 20 de Fevereiro de 2008

Poema - Meu filho

(do meu livro «Meu tipo inesquecível»)
 

JR_passe.jpg(Dedicado a meu filho JR - excepcional -
minha companhia e minha grande ajuda)

Ele trabalha por turnos. Ele mantém seu horário.

Se julgam que ele é inútil, podem pensar o contrário.

 

Meu filho é bem complicado; só eu o posso entender.

Ajuda-me, faz recado, dou-lhe o quintal pra varrer.

 

Leva o lixo lá pra fora... Traz o gato cá pra dentro...

Quando sai, não se demora... Arruma o quarto a contento.

 

Traz o pãozinho pra casa... Leva o cão a passear...

Vê a caixa do correio... Põe a mesa prò jantar.

 

Tira a toalha da mesa... Põe loiça suja na máquina...

Dá o granulado ao cão... A janta, ao gato, bem rápida.

 

Lava os dentes e as mãos, prepara-se pra dormir.

Já deu graxa nos sapatos, veste o pijama a seguir.

  

Já tem CD a tocar e entreabriu a janela.

Faz mais uma festa ao cão... Dorme amor, que a noite é bela!

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6/2000

Laura B. Martins

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Domingo, 10 de Fevereiro de 2008

Poema - EXCEPCIONAIS ?!??!!? (I)

(do meu livro «Meu tipo inesquecível»)

 (dedicada ao meu filho Jr. e a todos os excepcionais) 

 

«Criança excepcional!»

Mas o que é isso?

Em relação aos outros,

sabes mais?

Só diferente;

e chamam-te , por isso,

‘deficiente’,

diferente dos demais.

 

Tens personalidade,

e mesmo um grito

pouco normal,

o que confunde muita gente.

Tu fazes quase tudo

que é prescrito;

na tua forma própria,

um pouco ausente.

 

Nessa mentalidade

não concebes,

haver no mundo

diferenças tais.

Porque és diferente,

só percebes:

‘todos os diferentes

são iguais’.

 

Talvez nos caiba a nós,

ditos ‘normais’,

porque abarcamos tudo 

num segundo,

porque somos humanos

e animais,

respeitar todos os seres

vivos do mundo.

 

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28/09/2001

Laura B. Martins
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Quinta-feira, 10 de Janeiro de 2008

Poema - "JACQUELINE"

(Do meu livro "Meu tipo inesquecível " Jacqueline_fotopasse.jpg

 

À minha amiga "Jacqueline" 

   

-------------------------------------   

Inda não perdi a esperança,
de ultrapassar este mar.
Vou de avião ou de barco,
mas eu te irei visitar! 

------------------------------------- 

  

Jacqueline, minha amiga,
no teu dia tão penado,
onde encontras essa força
e alegria pra viver,
nesse corpo magoado? 

 

Poderei sentir-me triste?

Poderei ser infeliz?

Venceste cruel doença,  

revogaste uma sentença;

ao pé de ti, nada fiz! 

 

Conseguirei visitar-te?
Virás tu ver-me algum dia?
Daríamos nossas mãos,
iríamos relembrar,
nossa fé que fez magia! 

 

Se não houvesse oceano...
Este mar abençoado...
Eu iria ter contigo,
levar-te um beijo, cantar,
a letra deste meu fado! 

------------------------ 

6/2000 

Laura B. Martins 

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Terça-feira, 1 de Janeiro de 2008

Livro 09 - Editado 11/2002 MEU TIPO INESQUECÍVEL

(Capa da imagem )
Jackie_cachorrospredilectos.JPG
Jackie e os seus cachorros predilectos.

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Quinta-feira, 20 de Dezembro de 2007

Poema - O sino

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

 

 

Tlim-tlão, tlão-tlim ...

Soam cavas badaladas.

Porque toca o sino assim?

 

Tlão-tlim, tlim-tlim ...

É dia de missa triste,

pois morreste para mim.

 

Tlim-tlão, tlim-tlão ...

Este sino ninguém ouve,

dentro do meu coração.

 

Tlão-tlão, tlão-tlão ...

Tocam sinos a rebate,

procura-se uma paixão!

 

--------------------------

4/2001

Laura B. Martins

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Sábado, 15 de Dezembro de 2007

Poema - Se...

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

Se tudo que me vai no pensamento

fluísse, como flui suor em gota...

Me nascessem poemas num momento,

sempre que a minha alma fica louca...

Aos olhos aflorasse esse tormento,

lembrança do teu beijo, tua boca... 

 

Eu escreveria a saga, o sofrimento

da saudade... cantava, com voz rouca

por  tanto te chamar, dizendo ao vento:

- Traz de novo o amor que é coisa pouca

diante do Universo. Ao meu lamento,

sempre tu lhe fizeste orelha mouca! 

 

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13/05/2002 

Laura B. Martins
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Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2007

Poema - Bonitas histórias

(do meu livro «Sonhando acordada»)

Ainda há bonitas histórias d’amor.

Ainda tem gente casando em esplendor

e a vida explanando, em ricos matizes.

 

E tem amizades que viram amor.

E alternativas que acabam co'a dor,

juntando pessoas em vidas felizes.

 

Tem outros morrendo por único amor

não concretizado, já quase indolor,

guardado em segredo, em escuros cantinhos.

 

São seres cuja vida é sofrida, sem cor;

são seres do submundo, seres sem fulgor,

seres de coração solitário, sozinhos.

 

E a vida contínua, cadeia infindável,

nunca se comove; mostra-se fiável

e depois aborta sonhos de raiz

 

do pobre mortal, que jura vingança,

vive revoltado, vivendo sem esp'rança,

e sonhava, em criança, vir a ser feliz.

 

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13/01/2002

Laura B. Martins

Soc. Port. Autores nº 20958

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Terça-feira, 20 de Novembro de 2007

Poema - Vidaaaaaa...!

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

                .

 

Ai! Vida minha, passada...

Ai, vida! Ao que isto chegou!...

Coração de apaixonada...

onde o amor já morou.

 

Ai, vida! Que tanto amei!

Coração a abarrotar

de tanto amor que já dei;

e, ainda, tenho pra dar.

 

Ai! Vida minha, sofrida,

donde o amor se apartou.

Num ponto da minha vida,

 

onde o amor me deixou,

queria voltar, de seguida,

esquecer o ponto onde estou.

 

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17/03/2002

Laura B. Martins

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Sábado, 10 de Novembro de 2007

Poema - Vazio

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

Deitada na minha cama, sossegada, olhando o tecto,

sinto a cabeça vazia, sem ideias, sem projecto.

 

É um raro estado d’alma, espírito amorfo, esquecido

que a vida é dura e não pára; destino é pra ser cumprido.

 

Qualquer coisa me desperta: mosquito, carro a passar,

ruído acima da média... Tenho pena de acordar.

 

Não tem remédio, já está e não há nada a fazer.

O melhor é levantar que não há tempo a perder.

 

De novo, o trabalho espera. Volto à vida, mais um dia.

Esforço é retirar o corpo mole, da cama vazia.

 

Tão vazia como a alma, a cabeça, o coração.

As mãos... dessas, já nem falo; só abraçam solidão.

 

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20/10/2001

Laura B. Martins

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Sábado, 20 de Outubro de 2007

Poema - Tarja negra

 

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

carteiro_umacartaesq.gifUm dia, o carteiro bate à porta
e entrega uma carta, em tua mão.
Vem tarjada de negro, e comporta
triste notícia que amargura o coração.

Perguntas-te, a carta na mão fechada:
- Será família? Meu Deus, preciso coragem!
Sossega! Era uma amiga cansada.
Foi-se, com o vento que a carregou na voragem.

Fui eu. Como uma flor me feneci.
Fugiu a alma, do meu corpo, e faleci.
Dores da alma, suplantam as corporais...

São tão difíceis de curar, doem-nos mais...
(A dor estava a fazer-me tanto mal...)
Também se morre, de desgosto, em Portugal!
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1/11/2001
Laura B. Martins
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Quarta-feira, 10 de Outubro de 2007

Poema - Rumores

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

Correm rumores...

de que, eu, morri algures...

Fui procurada...

e encontrada, nenhures.

Em qualquer lado,

jaz o meu corpo caído

no meio das flores,

que já nem fazem sentido.

 

Fugiu minh´alma,

deixou o corpo e o vestido

que eu mais gostava.

Agora é trapo esquecido.

Os pés descalços...

sobre um tapete de terra,

castanha e quente;

de bom sol,

em qualquer serra.

Os meus cabelos...

misturados com a erva.

E a posição... fetal...

que o corpo conserva.

 

Morri sozinha...

(como sozinha cresci).

Entre as pessoas...

sempre sozinha vivi,

no meu absurdo

celibato de mulher.

Sinto que dói,

tudo aquilo que eu disser.

 

Não entendi...

os seres humanos, a fundo.

Talvez, agora,

possa vaguear pelo mundo,

sendo invisível,

os animais ajudar...

Os meus irmãos,

que Deus não vê, castigar.

 

Correm rumores...

de que ando por aí...

Nada receiem...

quem me fez mal, já esqueci.

Correm rumores...

que Deus, em mim delegou,

alguns poderes e,

aos anjos afirmou:

- Joana d´Arc, Quixote,

Zé do Telhado...

de todos eles,

essa alma tem bocado!

 

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31/01/2002

Laura B. Martins

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Quinta-feira, 20 de Setembro de 2007

Poema - Por favor...

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

Por favor, leiam com atenção,

uma, duas vezes, e verão

aquele jeito de escrever perfeito;

para o qual eu não tenho muito jeito.

 

E reparem, também, na perfeição

de colocar no peito um janelão

em evidência, parecendo TV,

com pardais e poesia; à mercê

 

de quem passar do lado de fora

e, ao ver tamanho sorriso, nessa hora,

sentindo as sombras ficarem para trás,

 

enxuga as lágrimas, sopra pensamentos…

fora tristezas! Felizes momentos...

O paraíso é você quem faz!

 

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13/12/2001

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 10 de Setembro de 2007

Poema - Nunca anoiteceu em vão...

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

Nunca anoiteceu em vão...

Às noites semi-dormidas,

revolvendo horas perdidas

de cansaço e exaustão

seguem-se os dias risonhos,

sinto voltarem-me os sonhos...

 

Nunca anoiteceu em vão...

 

E o luar é testemunha,

deste sonho que acabrunha

e me quer jogar no chão...

mas pego a cauda do gato,

gero grande desacato

e apanho um arranhão.

 

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16/01/2002

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 20 de Agosto de 2007

Poema - No fim do caminho (!)

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

 

E se eu caminhar só, por essa estrada,

cabelos soltos mas, no peito um nó?

Seguindo como quem vai atrasada,

sentimentos revoltos, muito dó.

 

Quem se cruza comigo não entende;

encontra um rosto algo inexpressivo.

Só Deus, lá bem no alto compreende:

revolta, é sentimento opressivo.

 

Eu tenho dó de amar recordações,

eu tenho dó de amar a natureza;

a quem ama sobram desilusões...

perdemos o conceito da beleza.

 

As flores que os meus pés pisam, que pena!...

Até algum bichinho mais afoito,

encontram morte bem pouco serena,

no mar de insanidade onde me acoito.

 

A montanha sorri, da minha pressa.

O arco íris tem um pote d'ouro

no final do caminho, e a promessa

de encontrar teu amor, o meu tesouro.

 

Caminho, cada vez mais apressada,

na ânsia louca de me encontrar contigo.

Atravessei, morri atropelada.

Estrada da vida, porquê este castigo?

 

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3/11/2001

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 10 de Agosto de 2007

Poema - Mar de poesia

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

 

O que hoje vou dizer, será surpresa?

Fará alguém de louca me chamar,

depois de já ter dito que a beleza,

cantada em verso, às vezes, faz chorar?

 

Mas, todos os poetas assim são.

Hoje cantam angústias e amanhã,

amanhecendo um dia de Verão,

tristeza vira alegria louçã.

 

Poetas fossem todos os mortais...

Soavam harpas e tudo era magia.

Tratar-se-iam bem os animais...

 

No mundo havia encanto e harmonia.

Crianças, eram seres especiais...

Seria a terra um mar de poesia.

 

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3/06/2002

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 20 de Julho de 2007

Poema - Luar de Outono

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

 

Olhando a lua ainda penso, algures perdida,

num firmamento que infinitamente admiro:

Ah! Pudesse eu voltar atrás, na minha vida...

de novo ouvir, num sussurrar o teu suspiro.

 

Vivo entre a vida e a morte abençoada.

Nada desejo, tudo a vida já me deu.

E o que não deu, fez-me viver esperançada;

acreditei cumprir tudo que prometeu.

 

Luar bendito, destas noites outonais,

que apaziguas tão sofrido coração.

Dias e noites, para mim, são sempre iguais...

 

Pudesse eu voltar atrás, dar-te razão...

Teria amado muito, muito, muito mais

e hoje vivia feliz, da recordação.

 

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31/10/2001

Laura B. Martins

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Quarta-feira, 20 de Junho de 2007

Poema - Leito de flores e luar

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

 

Eu sou um livro aberto de poemas;

um livro aberto ao céu, que é minha manta.

Brilhante é o lençol que me cobriu,

de estrelas feito e lua, que me encanta.

 

Minh' almofada, os livros que escrevi.

Lençol inferior, o que pensei.

O meu colchão, de flores perfumadas;

e mesmo as sem perfume, que eu amei.

 

Bem fundo, na floresta tropical

descanso sob as árvores frondosas

cujas folhas, da colcha que me envolve,

me ajeitam, com seus galhos, amorosas.

 

Milhares de olhos se juntam, em redor,

(trazem de volta o amor que lhes foi dado).

Os animais encheram de calor

este local, sem sol, abençoado.

 

Um pássaro colorido veio descendo,

suavemente pousou, sobre o meu peito.

O coração aconchegou-me, docemente.

E então, o meu descanso foi perfeito!

 

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19/03/2002

Laura B. Martins

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Domingo, 10 de Junho de 2007

Poema - Juntemos os trapinhos!

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

Querias mudar de vida,

e eu gostava, também.

Podes juntar-te comigo,

porque bem sabes que nem

morta eu casava contigo.

 

Assim, juntamos os trapos,

escovas de dentes, maleitas.

Poupamos numa só renda

de casa e as receitas

agregamos sem contenda.

 

Quando as discussões surgirem,

fatais na vida em comum,

se a coisa se complicar

não vou ter pejo nenhum

em te pôr daqui a andar.

 

Poupamos no casamento,

não perturbamos ninguém.

Não quero que vire um vício.

Conheces-me, sabes bem:

eu sou contra o desperdício,

 

Nem penses acomodar-me,

eu quero viver sem peias.

Andar à minha maneira...

não quero lavar-te as meias.

Acabou-se a brincadeira!

 

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8/10/2001

Laura B. Martins

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Quinta-feira, 10 de Maio de 2007

Poema - Vento d’Outono

(do meu livro ««Sonhando acordada»)

 

 

Abro a janela, vento no rosto, tão matinal

fresco de Outono, gela-me a cara e, por sinal,

afasta as sombras da mal dormida noite passada;

sofri, andei, deitei, chorei sobre a almofada.

 

E recomeço; mais outro dia, de nostalgia.

Cabeça oca, a alma louca, numa agonia.

Muito tropeço na caminhada para o além.

Falta o amor. Guardo rancor, por mim, por quem?

 

Vento de Outono!... Leva abandono, some tristeza.

Traz a beleza de um novo reino, onde eu, princesa,

vá estagiar, fazer meu treino para reinar

 

num coração gémeo, irmão de sentimentos.

Já tive rei, e fui rainha noutro lugar.

Inconsciência da mocidade, só traz tormentos (...)

 

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1/11/2001

Laura B. Martins

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Sexta-feira, 20 de Abril de 2007

Poema - Implosões

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

 

De novo sem horizonte!... E, de novo, sem ter nada.

Toda a construção de ponte me termina enevoada.

 

Cai-me à frente, derrubada, uma ou outra que eu construo;

na minha vida azarada, constitui novo recuo.

 

Quis construir um futuro para ti, melhor que o meu.

Por muito que eu desse duro, o azar ganhou-me e venceu.

 

Na vida, sou engenheira de artifícios e ilusões,

fogos sem eira nem beira, edifícios-implosões.

 

Sou dona de uma cidade, muito construí na vida.

Fosse o sonho realidade... tinha uma cidade erguida!

 

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8/10/2001

Laura B. Martins

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Terça-feira, 10 de Abril de 2007

Poema - Funeral...

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

Murchou a flor nascida no meu peito;

cuja capacidade era infinita

de amar tudo e a todos, ao seu jeito,

crescendo cada dia mais bonita.

 

Desabrochava e linda se encantava

com o sol quente, o mar infindo, a natureza,

floresta, pássaros, a lua que brilhava...

Valia a pena viver com tanta beleza!

 

Só quando enfrentou a humanidade,

sentiu quanto era falso o seu amor;

e a tão apregoada caridade...

 

era degrau na escalada pra doutor.

Murchou, morreu de tanto ser pisada.

Celebra-se hoje o funeral daquela flor.

 

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8/02/2002

Laura B. Martins

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Terça-feira, 20 de Março de 2007

Poema - Intuição

(do meu livro "Sonhando acordada") casal_enamorado.jpg

 

Devia ter vivido aquele instante,

como se fosse o último a viver.

Devia tê-lo prolongado bastante,

como sabendo que, após, ia morrer.

 

Na hora em que os olhares se cruzaram,

em uníssono, bateram corações.

Telepaticamente, conversaram

as nossas almas, olvidando as multidões.

 

Depois... a vida trouxe o desencanto;

diariamente, esta labuta pelo pão.

Depois... os familiares, entretanto,

aproveitaram para dar um empurrão.

 

Seguimos um atalho, indiferentes,

aquilo que se chama: Intuição!

Apareceram outros pretendentes...

Conduzimo-nos hoje, em contramão.

 

Encurta-se-me a vida, bem o sei,

aumentam os problemas de saúde.

Da esperança de vida me apartei,

aproximar-me da meta, é uma virtude.

 

Outra vida me espera no Além,

e sei que o meu destino está marcado;

das vidas que já vivemos aquém

desta, sempre nos temos encontrado.

 

Aproveitemos para purificarmos

as nossas almas, cujo amor é tão profundo.

Sabendo de antemão: quando ficarmos

juntos, faremos o nosso mundo.

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30/08/2002

Laura B. Martins

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Sábado, 10 de Março de 2007

Poema - De cor e salteado

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

Sei-os de cor...

Foram versos que escrevi

por situações que vivi,

recordações do passado.

Sei-os de cor...

Versos de amargura infinda,

tristes palavras que ainda

sei de cor e salteado.

 

Corpo de mim...

Esqueceu o amor antigo,

tudo que viveu contigo,

se era feliz ao teu lado.

Corpo de mim...

Cujas linhas do teu corpo,

não recorda, porque é morto,

nem de cor nem salteado.

 

Minha razão

de viver... modificou-se;

tenho outra vida, alterou-se,

tudo o mais foi olvidado.

Corpo de mim...

Os contornos doutro alguém

hoje conhece também...

sabe-os de cor, salteado.

 

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9/06/2002

Laura B. Martins

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Sábado, 10 de Fevereiro de 2007

Poema - Balanço!

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

Entre a vida e a morte balançada,

no olhar arredio lágrima redentora,

descrente da sorte, alma perturbada,

espírito fugidio... é a morte a salvadora!

 

Fuga dos cobardes. Morte!

Fuga dos vencidos, dos sem sorte,

dos desafortunados, esquecidos,

desencontrados, perdidos

na multidão compacta

que lhes escreve em acta:

Morte! É a tua sorte!

Que lhes aponta o dedo,

e repete,

ininterruptamente adverte:

Não te conheço! Degredo!

 

Solidão permanente entre uma multidão,

de desconhecidos. Miragem! Ilusão!

Desconhecem o anseio

de pendurar ao pescoço, com enleio,

um letreiro: - Vou matar-me!

Mas só quero gritar;

chamar a atenção de alguém,

que por bem,

venha ajudar-me!

 

Correm mais lágrimas, dum choro inútil,

desconhecido dos outros,

solitário, fútil...

Estou só, por dentro e por fora...

Quem sou eu? Para que sirvo?

Nada me resta, agora...!

 

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19/11/2001

Laura B. Martins

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Sábado, 20 de Janeiro de 2007

Poema - Diz lá, coração!

(do meu livro «Sonhando acordada»)
   Diz lá, coração!   

Conta-me tudo e verei se tens razão

nessa defesa, que insistes em tentar.

 

   Diz lá, coração!  

Fala comigo! Olha, toma a minha mão

e aperta. Vamos os dois conversar.

 

   Diz lá, coração!   

Há tantos anos, no meu peito, qual pensão...

Tenho direitos sobre ti, e sei escutar.

 

   Diz lá, coração!   

Desabafa! Todos temos um senão!

Pra Deus, existe o verbo perdoar!

 

   Diz lá, coração!  

Deixaste-te cair em tentação

e amaste, para além do verbo amar?

 

   Escuta, coração!  

Os dois, temos a forças da razão.

A alma ainda podemos salvar!

 

 

 

1/10/2002

Laura B. Martins
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Quarta-feira, 10 de Janeiro de 2007

Poema - Tormenta...

(do meu livro «Sonhando acordada»)

 

barcovelacast.gifAndo à deriva como se um furacão

me revolvesse um mar, no coração,

e as vagas açoitassem sentimentos.

Se o meu barquinho encontrasse mar-chão...

É um pesadelo que recusa terminar;

e, sem saber que fazer para acordar...

não tendo onde aportar, passo tormentos.

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12/2001

Laura B. Martins

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Segunda-feira, 1 de Janeiro de 2007

Livro 08 - Editado 11/2002 SONHANDO ACORDADA

(Imagem da capa)
Sonhando-acordada.jpg
Se o sonho comanda a vida...

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Domingo, 10 de Dezembro de 2006

Poema - Labirinto

(do meu livro «Amigos»)

 

Dá o mundo tantas voltas, no seu constante girar

que as nossa vidas, revoltas, num labirinto vão dar.

 

Dos caminhos sem saída, que nos fazem retornar,

aprendemos que, na vida, ninguém vence sem tentar.

 

Damos com portas seladas, muros sem uma ranhura,

as clarabóias vedadas, no chão, nenhuma abertura.

 

Gritam almas silenciadas, olhos pedindo socorro,

a boca e as mãos fechadas; um pensamento: - Eu morro!

 

Corpos que o tempo apagou... mas no espírito, uma luz!!!

Se Jesus ressuscitou... depois de morrer na cruz(...)

 

Quem és tu para fugir? Quem sou eu para falhar-me?

Querer morrer e desistir?!!! Deus! Ajuda-me a salvar-me!

 

Quando menos se esperava, estende-se a mão de um amigo.

Alguém que não se contava, teve dó desse castigo.

 

Novamente, a caminhada é possível, para o cimo.

Abriu-se a porta cerrada. Um amigo é um arrimo!

 

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25/04/2002

Laura B. Martins

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Quarta-feira, 20 de Setembro de 2006

Poema - Requiem...

(do meu livro «Amigos»)


REQUIEM... por um amigo!

(Estou mais pobre)
urna_pretalilas.jpg

Entro na sacristia e vejo, atrás,
encoberto por corpos que se movem,
deitado, lá no fundo, aquele homem
que entre rendas e sedas, ali jaz.

Corpos de negro... Trouxeram amizade
de quem, último olhar embevecido
deita ao amigo que parte, enfim vencido,
e de guardar-lhe o rosto tem vontade.

Olho-te... e ali fico estarrecida.
Não quero acreditar que nos deixaste!
Acabou-se-te a tortura da vida...

Em menos de um ano, tanto penaste...
E aguardo o teu abraço... convencida,
que vai ser como sempre me abraçaste.
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11/11/2001
Laura B. Martins
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Domingo, 10 de Setembro de 2006

Poema - Vou visitar um amigo!

(do meu livro «Amigos»)

 

 

Vou visitar um amigo, antes que ele se me vá.

Está doente, o meu amigo; e um dia já cá não está.

 

Perder oportunidade de dizer:- Gosto de ti!

Não o faças. De repente, o amigo não está aqui.

 

Alguém para passear, ir à praia, estar contigo,

sentar no café ou bar, todos temos. Mas, amigo (...)

 

Amigo é coisa mais forte, do fundo do coração.

Quando perdemos o norte... é bom, ter amigo à mão!

 

Bom amigo,  verdadeiro, não adula; é piedoso.

Não quer o nosso dinheiro; está sempre à mão, generoso.

 

Visita-o, porque ele, um dia, por doença ou acidente,

já não te faz companhia; pode já não estar presente.

 

Amigo, eu vou visitar. Espero que o façam comigo,

se um dia eu estiver doente: «vir visitar-me um amigo»!

 

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25/09/2001

Laura B. Martins

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