Segunda-feira, 10 de Março de 2003

Poema - Cinquentona!

(do meu livro «Pedaços da vida»)

 

O homem casou com ela, sem saber com que contava;

e até achou engraçado, não ver o que o esperava.

Vida em comum iniciada, pode ser bem divertida;

caso a saibamos levar, pra não dar cabo da vida.

 

A mulher que mal sabia, o que era cozinhar,

deixava o homem com fome, mas gostava de dançar.

Cantava, vestia bem, era até muito atrevida

mas, para trabalhar fora, não fazer da casa a lida.

 

Após o primeiro ano, começaram os sarilhos;

quando tudo estava bom, nasceu o primeiro dos filhos.

Era um berreiro de noite, para o bebé mamar

e, lá em casa, ninguém conseguia sossegar.

 

Muitas fraldas com chichi, e outras pouco cheirosas,

faziam com que o marido, esquecesse o odor das rosas.

Quando a coisa já mais calma, começava a entrar nos eixos,

nasceu-lhes uma bebé: deu-lhes água pelos queixos.

 

A esposa fica-lhe em casa, para cuidar dos bebés

e ele trabalha a dobrar; tem muito que dar aos pés.

Arranjou dores de cabeça, despertou prà realidade.

É bom ter uma família e responsabilidade?

 

Enfim, os filhos cresceram e o casal lá se mantém.

São iguais a todo o mundo; ora estão mal, ora bem.

Passaram-se trinta anos de problemas resolvidos.

Nem sabem quanto se querem; separados ‘tão perdidos.

 

A vida dá muitas voltas e, agora, já cinquentões,

voltaram a ter problemas; travaram-se de razões.

Esposa desassossegada, dos filhos está liberta,

arranjou cão, mais um gato e para a escrita desperta.

 

Tem que imprimir versalhada, que escreveu durante o dia;

não tem tempo pra conversas,  diz que isso é só fantasia!

Agora, quando ele quer, simplesmente conversar,

ela diz que na TV, o futebol está a dar.

 

O gato bufa e arranha se lhe passa a mão p’lo pêlo;

e, quando o homem se deita, sobre ele faz-se em novelo.

O cachorro pula e salta, morde a torto e a direito;

quando o homem chega a casa, fica com o fato desfeito.

 

Dá um beijo na mulher que anda eufórica da vida;

esteve no computador e atrasou toda a lida.

Olha o marido, sorri. Vendo que ele não está mal,

com doçura ela lhe diz:- Falta regar o quintal!

 

Depois da janta, um suspiro, de plena satisfação.

Afinal ela aprendeu, da vida a dura lição;

hoje em dia, é cozinheira de mão cheia e com preceito.

Dona de casa é assim: - Cinquentona é que tem jeito!

 

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13/07/2001

Laura B. Martins

Soc. Port. Autores nº 20958

publicado por LauraBM às 22:15
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