(do meu livro «Meu mundo 'cá dentro'»)
No meu quarto, sozinha, meditando...
tiro uma teia, arrumo, aspiro pó;
enquanto na vidraça embaciando,
faço versos à vida e sinto dó.
Dó por este meu corpo, sem carinho,
que murcha como planta sequiosa.
Seca, dia a dia, devagarinho,
enquanto abelha sou, laboriosa.
Protegi o meu lar, enquanto pude,
já fui abelha mestra, sem rival.
Por conviver com gente um tanto rude,
ergui muros de pedra, dei-lhes cal.
Sou faca afiada, viro o gume
para quem, hoje, quer fazer-me mal.
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13/09/2002
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958
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